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Guerra Total

A vida durante
a Grande Guerra
Após 100 anos, mundo
segue sem paz
Armas químicas
A imprensa brasileira na Primeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra deixa um legado

     Talvez o maior legado deixado pela Primeira Guerra Mundial seja algo que passa despercebido para a maioria das pessoas atualmente: uma guinada de 180 graus na política mundial. O maior conflito – pioneiro no tamanho e no impacto sobre a sociedade – transformou o pensamento darwinista que guiava os intelectuais europeus em horror ao conflito.

     Essa é, pelo menos, a opinião do professor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense, Vágner Camilo Alves. De acordo com o professor, a ideia de Direito Internacional se baseava na premissa que fazer guerra era um direito dos governantes. Por isso, movimentos pacifistas não tinham força para combater conflitos, tanto dentro da Europa, como a unificação da Alemanha, quanto fora dela, na colonização violenta do resto do mundo. Ao fim do século XIX, o Velho Mundo vivia em hipocrisia e medo: era a época da paz armada.

     – O sistema internacional anterior à Primeira Guerra Mundial já estava configurado em duas alianças antagônicas, e essas alianças já se viam como inimigas. Então, a coisa mais curiosa da Primeira Guerra Mundial é que ela se dá através de uma crise balcânica, e aí há quase que um efeito dominó: essa crise balcânica leva os austríacos a darem um ultimato à Sérvia, os russos reagem a esse ultimato e, aí, os respectivos aliados, França e Alemanha, se colocam ao lado de seus, vamos dizer, “aliados”, “protegidos” – explica Alves.

     A Grande Guerra desenterrou rivalidades veladas em apenas um mês. Depois de a Alemanha declarar guerra à França, também ataca a Bélgica, o que provoca a entrada da Inglaterra na guerra. França e Inglaterra declaram guerra à Áustria-Hungria, e o Japão declara guerra à Alemanha, elevando o conflito a proporções ainda mais distantes. Todos entraram
 

confiantes na guerra, mas isso não duraria muito tempo. A devastação deixada pela guerra deixou cicatrizes na população europeia, tanto físicas quanto psicológicas. O pesquisador do World War I Museum, Jerry Schmidt, afirma que isso gerou uma resistência à Segunda Guerra Mundial.

     – A vida se tornou uma obrigação para as pessoas mais afetadas pela guerra, e muitas perderam a esperança de haver um resultado aceitável. Tudo isso levou à atitude, anos depois, de não querer lutar em outra guerra depois que Hitler tomou o poder e começou a expandir as fronteiras alemãs.

     No entanto, nem o trauma deixado foi capaz de apagar completamente a guerra do mundo. Ainda não vivemos em tempos de paz, e eles parecem um sonho distante para os habitantes de inúmeros países. Por isso, nesse trabalho, procuramos não apenas contar como foi a guerra, mas sim refletir sobre o impacto do conflito em nossas vidas. Um legado valioso que permanece até hoje, e que não merece ser desperdiçado.

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